quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eu voltei para Maio de 1937

Vejo meus pais parados no baile de formatura da faculdade.

Vejo meu pai vagando sob o arco de granito ocre …

As telhas vermelhas luzindo feito placas de sangue atrás de sua cabeça.

Vejo minha mãe abraçando alguns livros leves, parada ao pé do pilar de tijolinhos …

Com os portões de ferro batido ainda abertos atrás dela, com suas lanças negras no ar de maio.

Eles vão se formar.

Eles vão se casar. São crianças, são tolos.

Só sabem que são inocentes, que nunca machucariam ninguém.

Quero ir até eles e dizer:

- “Parem, não façam isso.
Ela é a mulher errada, ele é o homem errado.
Vocês farão coisas que nunca imaginariam fazer.
Farão coisas ruins com seus filhos.
Vão sofrer de modos que nunca ouviram falar.
Vão querer morrer.”

Quero ir até eles sob o sol de fim de maio e dizer isto.

Mas eu não vou. Quero viver.

Pego os dois como bonecos de papel de homem e mulher e os esfrego pelo quadril feito lascas de pederneira para tirar faíscas deles.

Eu digo:

- Façam o que têm de fazer, e eu lhes direi tudo.



"I got back to 1937 May", by Sharon Olds,The Gold Cell (Knopf, 1987).

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